Depois de ter trabalhado na construção do Museu Oscar Niemeyer (MON), em 2002, Fábio André Batista, de 46 anos, teve a oportunidade de visitar pela primeira vez o lugar na última sexta-feira (1). Atualmente protegido pela Instalação de Ação Social (FAS), ele fez segmento de um grupo de 52 pessoas em situação de rua, atendidas em quatro unidades da instauração, que participaram de uma visitante guiada ao museu.
Os visitantes conheceram quatro exposições em edital. Em uma delas, Veemente, do artista mexicano Gabriel de la Mora, puderam gerar suas próprias obras com materiais uma vez que palitos, partes de bonecos de plástico, macarrão, feijoeiro, papel, folhas e bolas de isopor.
“Ajudar a erigir alguma coisa que dura tantos anos é muito importante. É uma vez que deixar um pedaço da gente no mundo”
disse Fábio, ao entrar no museu.
Ele contou que trabalhou uma vez que marceneiro em uma das empresas envolvidas na construção do MON, no ano da inauguração. Teve que deixar a profissão depois de um acidente de moto.
“Eu não tinha visto a obra pronta. Acredito que se não tivesse sofrido aquele acidente de moto, provavelmente ainda estaria nessa profissão, que é a profissão de Jesus”
comentou Fábio.

Pai de uma jovem de 24 anos e avô de duas crianças, Fábio é atendido pela FAS há muro de dez anos. Atualmente está protegido na Lar de Passagem Doutor Faivre.
“A FAS está me ajudando muito. É cá que estou me reerguendo aos poucos. Já fiz muito por essa cidade, e agora é ela que está me ajudando a me levantar”
afirmou.
Aproximação à cultura e reinserção
A visitante foi organizada pela Coordenação de Relações Institucionais do Núcleo de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Núcleo POP) Doutor Faivre, em parceria com o MON. Participaram do passeio usuários dos Centros POP Doutor Faivre e Solidariedade, além de acolhidos nas Casas de Passagem Doutor Faivre e Padre Pio.
Além da exposição Veemente, o grupo conheceu as vestígios África e Ásia: a Terreno, os Homens, os Deuses, que retratam aspectos das culturas de diferentes continentes. A última paragem foi no icônico Olho, onde visitaram a exposição Re-selvagem, da artista francesa Eva Jospin. Guias do museu explicaram os contextos e as técnicas por trás das obras, o que despertou a curiosidade e a assombro dos participantes.

A subida ao Olho foi o momento predilecto de Diego Marcelo Pinho, 34 anos, protegido na Lar de Passagem Doutor Faivre há um mês. “É muito bacana ver o clarão nos olhos dessas pessoas”, disse ele.
Para o presidente da FAS, Renan de Oliveira Rodrigues, a visitante representa mais que chegada à cultura, é segmento do processo de resgate da autoestima e reconstrução de projetos de vida.
“Oferecer oportunidades uma vez que essa é principal para mostrar às pessoas em situação de rua que elas continuam fazendo segmento da cidade. A cultura é uma ponte para o pertencimento, para o recomeço e para a reconexão com suas próprias histórias”
avaliou Renan Rodrigues.